segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Hoje há Palhaços!

Estamos em época Natalícia, altura de amor, paz e de relembrar tradições seculares como a caridade, o altruísmo e claro, o consumismo desenfreado e indiscriminado.

Sempre que vejo as iluminações de Natal nas ruas lembro-me sempre dos meus tempos de miudo, e claro, os tradicionais cartazes que anunciam os Circos, ora com animais ferozes, com três pistas ou os típicos palhaços.

Este ano não foi excepção, e - claro - no fim de Novembro já estava a espera daqueles cartazes pendurados nos candeeiros a anunciar as efemérides.

Qual não foi a minha surpresa quando de uma noite para a outra Lisboa ficou pejada desses parasitas de plástico, afixados em tudo quanto era candeeiro, mas no entanto não eram do Chen ou do Cardinalli, mas sim dum novo circo que não conhecia: o MMS.

Vejo o aparecimento de novos partidos políticos sempre com bons olhos, e acredito que são fonte de novas ideias, mas a campanha do MMS parece-me despropositada no tempo e no método.

No tempo porque Novembro e Dezembro são meses onde a cabeça das pessoas anda noutro lado, querem é saber de terminar o mês, receber o seu subsidio de férias ou fazer os fechos de contas das empresas, passar dias a correr nas compras e de uma forma geral andam com as ideias atoladas no season spirit, a última coisa que querem saber é de Mérito ou de Sociedade.

No método porque é foleiro. Cartazezinhos de plástico, enfumados ao vento, lembram-me sempre o PCP, que tantas vezes fazia o mesmo tipo de publicidades, e - como é o tema desta posta - o meio de comunicação privilegiado dos circos.

O MMS começou mal, e não é com acções destas que vai atrair simpatizantes. Ganhem mas é juízo e seriedade, e deixem-se de palhaçadas.

sábado, 18 de outubro de 2008

Nojo


Sento-me a escrever estas linhas e não posso deixar de sentir nojo. Uma repulsa visceral que me percorre o corpo e aflora na minha mente imagens desconexas e desconcertantes.

O motivo por detrás deste estado é simples: conheci pela primeira vez alguém que não acredita que o Holocausto aconteceu.

Foi para mim um dos maiores choques intelectuais que alguma vez tive. A argumentação deturpada que me apresentou, a afirmação dogmática e peremptória, uma certeza consolidada naquela mente, que nenhuma visita a Dachau ou Auschwitz poderão alguma vez mudar.

Para mim não era novidade que há muita gente por aí que defende que 6 milhões de judeus, ciganos, deficientes mentais e homossexuais nunca foram executados nos campos de concentração, a começar pelo Presidente do Irão. Mas outra coisa é o próximo, o conhecido, o colega de trabalho, isso sim é a materialização do choque, e o fundo de todo o meu recente desconcerto.

Não vos vou expor os argumentos (muitos) e as teorias que o individuo me apresentou durante as três longas horas que conversámos. Suspeitava das ideias dele, mas arrastado por uma curiosidade mórbida, fui escutando a sua verborreia ideológica e anti-semítica. Queria perceber o que poderia estar por detrás de tais ideias, vindas de alguem com educação universitária (o que me leva a concordar que o canudo já não é sinónimo de nada). Errei. Não aprendi nada de novo.

Terminei a telefonar ao Mega pouco depois de nos despedirmos, pelas sete da manhã, e, como quem vê pela primeira vez ao vivo num Zoo um animal de uma revista da National Geographic, exclamei: “Sabes, acabei de conhecer um daqueles gajos que não acredita no Holocausto!”.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Descontrolo

A essência de um grunho é o seu descontrolo. Descontrolo como lida com a vida e com as pessoas que o rodeiam, fazendo irreflectidamente aquilo que lhe apetece. E ainda por cima orgulha-se disso, apesar de tais atitudes serem em muitos casos prejudiciais para o próprio (quanto mais não seja pela figura de parvo que faz).

Exemplo disso será aquela correria desenfreada para aquisição do iPhone. Ao calcular que daria um bom espectáculo, a Vodafone ofereceu um iPhone aos primeiros 50 grunhos que chegassem vivos ao fim de um corredor com 100m de comprimento e mostrou as imagens na TV.

Exemplo será também o leilão dos lugares para as barracas do próximo Arraial do Caloiro, no IST. Uma sala cheia de grunhos cujo  último objectivo de vida parecia ser ter uma barraca, independentemente do custo. Assim vimos ofertas altíssimas por parte de pessoas que provavelmente nem sabem como as vão pagar. É que pelos valores a que chegaram claramente não fizeram as contas.

Á primeira vista a associação de estudantes, encarregada da organização do evento, ficaria a ganhar com esta irracionalidade e falta de juízo dos licitadores. Acontece que, movidos pelo desejo de maiores licitações, os grunhos dos organizadores decidiram permitir que os grupos das barracas só as paguem no final dos dois dias de festa. Gostaria de saber como é que os vão obrigar.

No fim, nem as barracas têm lucro nem a associação recebe o seu dinheiro e mais uma vez houve uma cambada de grunhos que fez figura de parvo. Só espero que não se orgulhem.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

No Início, era o Verbo

"Depois, distraída e melancolicamente, perguntou notícias desse devasso do Ega. Esse devasso do Ega lá estava em Celorico, na quinta materna, ouvindo arrotar o padre Serafim, e refugiando-se, segundo dizia, na grande arte: andava a compor uma comédia em cinco actos, que se devia chamar O Lodaçal - escrita para se vingar de Lisboa."

- in "Os Maias" - Eça de Queiroz